quinta-feira, novembro 30, 2006

Saia da Rotina! Se liberte!



Já li muitos textos que falavam sobre a importância de sermos flexíveis para mudanças, abertos para novas experiências, dispostos a morrer todo dia, pra renascermos no outro..Também sempre quis escrever sobre isso..A vida é algo tão belo, tão profundo e ao mesmo tempo parece tão inatingível, que quanto mais se escreve sobre ela, mais temos o que dizer...Mas, a falta de tempo tem sido o meu maior problema, por isso vou postar um trecho que me saltou aos olhos de um livro da Cecília Meireles. Lambuzem-se com suas sábias palavras:
.....
"(...) Porque a mocidade é a face mais clara do eterno. Do eterno que só é porque a todo instante deixa de ser. Do eterno que, sendo um só, por essa capacidade de mudar sem se perder, pode ser tudo, ao mesmo tempo, ou de cada vez.
(...) Ora, a felicidade está na libertação. E, se a libertação depende de uma contínua mudança, a rotina é apenas um preconceito e uma idéia falsa de segurnaça e tranquilidade, para os que, temendo o que desconhecem, se limitam a estreitos territórios, onde a ausência de aventuras pode parecer impossibilidade de perigo (...)."
Cecília Meireles
[Rio de Janeiro, Diário de Notícias, 13 de março de 1932].

segunda-feira, novembro 27, 2006

Justiça



Recebi uma sentença poética por e-mail. Pesquisei no site do Tribunal de Minas Gerais, e na comarca de Varginha encontrei o nome da pessoa..só não tenho certeza se é o Rolinha ou se é um homônimo do mesmo. De qualquer forma, a sentença é linda, sábia e poética. E ainda que seja apenas literatura, já não se vê com tanta freqüência assim, por isso estou postando. Coisas boas a gente deve compartilhar. Que esta seja uma lição.

Sentença judicial em verso proferida em Varginha/MG, em 16 de novembro de 1987 por RONALDO TOVANI 1º Juiz de Direito Auxiliar, publicado no Jornal "Gazeta do Sul de Minas":
Poder Judiciário
Comarca de Varginha; Estado de Minas Gerais
Autos nº 3.069/87; Criminal
Autora: Justiça Pública
Indiciado: Alceu da Costa, vulgo "Rolinha"
Vistos, etc..
No dia cinco de outubrodo ano ainda fluente
em Carmo da Cachoeira
terra de boa gente
Ocorreu um fato inédito
que me deixou descontente
o jovem Alceu da Costaconhecido por "Rolinha"
aproveitando a madrugada
resolveu sair da linha
subtraindo de outrem
duas saborosas galinhas
Apanhando um saco plástico
que ali mesmo encontrou
o agente, muito esperto
escondeu o que furtou
deixando o local do crime
da maneira como entrou
O senhor Gabriel Osório
homem de muito tato
notando que havia sido
vítima do grave ato
procurou a autoridade
para relatar-lhe o fato
Ante a notícia do crime
a polícia diligente
tomou as dores de Osório
e formou seu contingente:
um cabo e dois soldados
e quem sabe até um tenente
Assim é que aparato
da Polícia Militar
atendendo a ordem expressa
do delegado titular
não pensou em outra coisa
senão em capturar
E depois de algum trabalho
o larápio foi encontrado
estava no "Bar do Pedrinho"
quando foi capturado;
não esboçou reação
sendo conduzido então
à frente do delegado.
Perguntado sobre o furto
que havia cometido
respondeu Alceu da Costa
bastante extrovertido:
"Desde quando furto é crime
neste Brasil de bandido?"
Ante tão forte argumento
calou-se o delegado,
mas por dever de seu cargo
o flagrante foi lavrado
recolhendo à cadeia
aquele pobre coitado
E hoje passado um mês
de ocorrida a prisão
chega-me às mãos o inquérito
que me parte o coração:
solto ou deixo preso,
esse mísero ladrão?
Soltá-lo; decisão
que a nossa lei refuta
pois todos sabem que a lei
é pra pobre, preto e puta.
Por isso peço a Deus
que norteie minha conduta.
e é muito justa a lição
do pai destas alterosas:
Não deve ficar na prisão
quem furtou duas penosas
se lá também não estão presas
pessoas bem mais charmosas
como das fraudes do INAMPS
das ferrovias engenhosas.
Afinal não é tão grave
aquilo que Alceu fez
pois nunca foi do governo
nem seqüestrou Martines
e muito menos do GAB
participou alguma vez.
Desta forma é que concedo
a esse homem da simplória
com base no CPP
liberdade provisória
para que volte pra casa
e passe a viver na glória.
Se virar homem honesto
e sair dessa sua trilha
permaneça em Cachoeira
ao lado de sua família
devendo ao contrário
mudar-se para Brasília.
P. R. I. e
expeça-se o respectivo alvará de soltura.
(Ronaldo Tovani)

terça-feira, novembro 21, 2006

Conversar é sempre bom....


Conversar é sempre muito bom. Compartilhar a vida, fatos, acontecimentos, histórias, risadas, sonhos, medos, tristezas, alvos, a caminhada.
Mas, muitas vezes ficamos calados e nos deixamos aprisionar pelas frases que não são ditas, pelas palavras que ficam na garganta apreendidas.
Talvez pelo medo de não ser compreendido, ou a vergonha de se mostrar sem capas, sem máscaras, de dizer o que se sente lá dentro, onde ninguém vê, e você pensa e sente livremente.
E aí, as palavras soltas vão se acumulando, vai se tornando um fardo ficar com tudo entalado. Vai ficando difícil sentir tudo sozinho, pensar sem ter ninguém pra acrescentar ou questionar.
Então por que demoramos tanto pra dizer que amamos alguém, demoramos pra dizer que aquela atitude não foi legal, demoramos pra dizer que precisamos de alguém, demoramos pra reconhecer nosso erro e pedir perdão, demoramos pra dizer que o que pensávamos sobre alguém estava errado, demoramos pra sermos livres...
A clausura não tem paisagem, não tem ar fresco..só tem ar quente, abafado e medo..medo de ir pra fora, de abrir os olhos e soltar a voz. Dizer quem você é, o que você sente, o que você pensa.
Mas, às vezes, a prisão foi tão torturante que quando se solta a voz o verbo é tão rasgado e enraivecido que não produz os efeitos que poderia produzir...fere quem escuta.

Então vamos conversar, vamos dialogar sempre, vamos abrir o coração mesmo quando a primeira impressão é de deixar pra lá, quando a primeira reação é dizer esquece. Vamos esquecer essas expressões, vamos abrir a boca, a mente e o coração...mas, quando alguém for conversar que os ouvidos estejam mais atentos..que os dois funcionem para reter e absorver o que é bom.
Que possamos dialogar com quem nunca antes conversamos também...às vezes a primeira impressão é quebrada pelo primeiro verbo que falamos e ouvimos.
Diálogos verdadeiros são libertadores, nos faz enxergar com os olhos dos outros, nos faz pensar e sentir com a mente e o coração do outro, nos faz ir além dos limites que nós mesmos nos impomos, com pensamentos que muitas vezes nem são reais e apenas nos corrói sem dó nem pena.

Que as vozes sejam como poesias cantadas...e as músicas como o canto dos pássaros, e a vida mais florida.