quarta-feira, junho 22, 2011

Turn Off

São 7:00h da manhã, o despertador toca, você salta da cama com a sensação de que a noite de sono foi curta e seu cansaço mais uma vez se acumula sobre seus já sobrecarregados ombros.
Você perambula até o banheiro e pratica todo aquele ritual matinal antes de sair de casa com a cara lavada e as vestimentas necessárias de um profissional bem sucedido.
O café da manhã se resume a um copo cheio de cafeína preta pra deixar você ligado durante todo aquele percurso cansativo do trânsito, e quando chega ao seu ambiente de trabalho outra xícara é bebericada para te ajudar a permanecer on durante todas as suas doze horas de dedicação exclusiva.
Então você retorna para casa exausto e sem aquele humor jovial que se perdeu no caos da vida corrida e estressante que você tem levado em nome do status social que alguém disse ser necessário para alcançar aquele lugar com cores almodóvar que você sonhava na época da faculdade.
A gastrite nervosa adquirida pro vestibular se torna mais corriqueira e quando se dá conta que a falta de tempo para visitas regulares ao médico deu lugar a úlceras você se sente culpado por não cuidar de si mesmo, mas logo passa quando olha a sua volta e vê que tem em suas mãos o convite praquele evento V.I.P e o mega (nem tão mega assim) apartamento que conseguiu comprar com todo seu esforço e se sente feliz quando o vento gelado do ar condicionado do seu carro-do-ano-parcelado toca o seu rosto.
Liga o som satisfeito e se deprime quando ouve alguma música que não se restringe a barulho, porque ela fala daquela vida vívida, daquele amor que você não soube dar valor, ou simplesmente acabou, e para se sentir melhor você prefere acreditar que toda aquela fantasia de amor-para-sempre era apenas um estado efêmero que tomou conta do seu espírito na adolescência, e que todas aquelas juras eternas de amor não passam de uma criação quase mitológica de sua criatividade mental que já não existe mais, e se contenta com transas casuais ou com um relacionamento superficial que nada lhe acrescenta, afinal uma conta-corrente gordinha e alguns dias ensolarados nas praias brasileiras ou em Paris ao lado de uma moça ou um moço bonito e um bom passeio nas gôndolas de Veneza dão conta do recado....até o dia em que se sentir mais vazio e suas conquistas não forem capazes de te fazer sorrir, porque de repente tudo se tornou comum demais, corriqueiro demais, sem encanto algum.
É...viver no modo automático parece ser mais fácil, mais rápido...você vai vivendo, sobrevivendo ao caos de tudo sem controle, sente tudo aos atropelos, sem degustar nada, apenas engole e tudo vai passando.... O problema é esse. A vida passa. Não dá tempo de voltar, de refazer, reescrever depois do fim da história.
A página seguinte está branca agora, amanhã já terá sido escrita, então viva de verdade, passeie pela vida de mãos dadas e deixe que ela trespasse você, não permita que os dias passem despercebidos.
Se para isso for preciso parar para se encontrar novamente, estacionar no acostamento da estrada até que o motor pare de esfumaçar, até que você encontre sua rota no mapa de novo, ou reinvente outro lugar para se refazer...não importa, apenas turn off. Pare tudo para fazer tudo e seja feliz, muito feliz, como sempre sonhou.

2 comentários:

Suzana Machado disse...

Tha, seu texto veio a calhar... estou me sentindo culpada por estar correndo atrás do tão sonhado concurso público e não estar me matando atrás de um escritório com cara de profissional bem sucedida, como se o que eu estivesse fazendo fosse uma afronta à sociedade de um modo geral.
A verdade é que independentemente do que estamos fazendo, sempre nos cobramos demais, pois sempre, sempre achamos que poderíamos e deveríamos estar fazendo ou melhor, ou mais, ou de menos...
Somos, definitivamente, pessoas complicadas...

Anônimo disse...

Atualizei a imagem no blog Brasília x Goiânia (voz do brasil x happy hour): https://www.facebook.com/photo.php?fbid=447781995348015